Desde junho 2021, a Vida Económica publicou 42 artigos de Silke Buss sobre prevenção e mediação de conflitos. A mediadora e diretora da BUSS Comunicação decidiu fechar a coluna, em outono de 2024, e aproveitou o último artigo para um balanço e um convite. Foi publicado na Vida Económica de 31 de janeiro de 2025.

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Prevenção e Mediação de Conflitos
O balanço e um convite no último artigo desta coluna

Conflitos no trabalho são como areia na engrenagem – Foi com este artigo que iniciei esta coluna sobre prevenção e mediação de conflitos em junho de 2021. Durante três anos e meio escrevi um total de 42 artigos sobre o tema e penso que é hora de a fechar e libertar o espaço na Vida Jurídica para algo novo. Todos os artigos estão online no site da minha agência BUSS Comunicação – com o motor de pesquisa são fáceis de encontrar. Basta indicar uma palavra-chave para encontrar um artigo específico e clicar para o ler online.

Tantos conflitos que apresentei, entre colegas, empresários, freiras, vizinhos, mãe e filha, pai e filho, irmão e irmã, etc. Abordei casos mediáticos e privados, tematizei convergências históricas e atuais no trabalho, em família, sobre mudanças, heranças, divórcios e vizinhanças. Gostei de contar, sobretudo, os vários casos de mediação bem-sucedidos e, por vezes, surpreendentes pelas soluções que as próprias pessoas em conflito desenvolveram. No entanto, gostei ainda muito mais de abordar a prevenção e dar concelhos sobre como comunicar de forma mais positiva e mais respeitadora e, assim, prevenir conflitos. Pode encontrar alguns destes artigos com as seguintes palavras-chave: cultura de debate, perguntar em vez de interpretar, educação democrática, férias felizes, festas felizes e rapport. E mais uma sugestão: Auerbach, para chegar ao texto sobre o médico visionário Heinrich Stromer que há 500 anos identificou uma correlação que ainda hoje muitas pessoas não veem ou não querem ver: o efeito negativo dos conflitos para a saúde. À porta da famosa adega “Auerbachs Keller” encontrei a citação deste homem progressista e apoiante de Martinho Lutero. Heinrich Stromer escreveu: “Sou médico há mais de quarenta anos e a minha experiência mostra-me que há mais pessoas a morrer de tristeza e de mágoa do que por violência.” Conflitos não resolvidos causam ansiedade, stress, insónias e provocam doenças.

Uma das minhas grandes fontes de inspiração para esta coluna tem sido o meu pai que no dia 27 de janeiro completa 85 anos de vida. Chegou a esta idade sem apresentar uma única queixa em tribunal. Mesmo o grave caso de sabotagem na sua fábrica têxtil conseguiu resolver através do diálogo. O meu pai orgulha-se disso e gosta de sublinhar: “Nunca iniciei um processo jurídico, sempre consegui negociar um compromisso e encontrar uma solução. Às vezes era necessário ameaçar ir pelo caminho jurídico, mas, afinal, ninguém queria perder tempo, dinheiro e eventualmente penalizar a sua imagem.”

Para além de inspirar e contribuir para a prevenção, o meu objetivo com esta coluna foi promover a mediação. Será que consegui, de facto, transmitir a importância, o efeito positivo e reparador, o funcionamento e as áreas de aplicação deste método de resolução de conflitos que restabelece o bem-estar das pessoas, a nível profissional e particular?
Obrigada.